31 dezembro 2004

UMA METODOLOGIA PARA A HISTÓRIA DA ARTE

1) UMA CERTA DIFERENÇA INTENCIONAL
- Sir Ernst H. Gombrich

“Ao contar a história da arte uma vez mais em linguagem simples, ela deve capacitar o leitor a ver até que ponto é coesa e ajudá-lo em sua apreciação, não tanto por descrições empolgadas, mas fornecendo-lhe, outrossim, algumas indicações quanto às prováveis intenções do artista. Este método deve, pelo menos, ajudar a dissipar as causas mais freqüentes de mal-entendidos, e a frustrar uma espécie de crítica que não atinge a finalidade de uma obra de arte. Além de tudo, o livro [em questão] possui um objetivo algo mais ambicioso: situar as obras que analisa em seu contexto histórico e, assim, levar a uma compreensão dos propósitos artísticos do mestre. Cada geração está, em algum ponto, em revolta contra os padrões de seus pais; cada obra de arte deriva seu atrativo para as pessoas do seu tempo não só do que faz mas também do que deixa de fazer. Quando o jovem Mozart chegou a Paris, deu-se conta – conforme escreveu seu pai – de que todas as sinfonias em grande voga, ali, terminavam com um rápido finale; assim, decidiu surpreender sua platéia com uma lenta introdução no último movimento. Esse é um exemplo trivial, mas revela o sentido em que uma apreciação histórica de arte deve caminhar. O impulso para ser diferente pode não ser o mais elevado ou o mais profundo fator no equipamento do artista, mas é raro estar totalmente ausente. E a apreciação dessa diferença intencional propicia amiúde a mais fácil abordagem da arte do passado. Tentei fazer dessa constante mudança de propósitos a chave da minha narrativa e mostrar como cada obra está relacionada, por imitação ou contradição, com o que se passou antes. Mesmo correndo o risco de ser enfadonho, reportei-me, para fins de comparação, a obras que mostram a distancia colocada pelos artistas entre si e seus precursores. Há uma armadilha nesse método de apresentação, que espero ter evitado, mas não devo deixar de assinalá-la. Refiro-me à interpretação ingênua e errônea da constante mudança na arte como um progresso contínuo. É verdade que todo artista sente ter superado a geração que o precedeu e, do seu ponto de vista, ter feito progressos em relação a tudo o que se conhecia antes. Não podemos alimentar a esperança de entender uma obra de arte sem compartilhar desse sentimento de libertação e triunfo que o artista experimenta quando avalia as próprias realizações. Mas devemos compreender que cada ganho ou avanço numa direção acarreta uma perda em outra, e que esse avanço subjetivo, apesar da sua importância, não corresponde a um incremento objetivo em valores artísticos. Tudo isso poderá soar um tanto enigmático quando enunciado em termos abstratos. Espero que o livro o esclareça.”

- ERNST H. GOMBRICH. “Prefácio à Primeira Edição” in: A História da Arte. Rio de Janeiro, Livros Técnicos e Científicos Editora, 1999, pp. 8-9.

2) COERÊNCIA E COMPREENSIBILIDADE NA HISTÓRIA DA ARTE

- Sir Ernst H. Gombrich

“Fiz esses acréscimos [para a presente edição] na esperança de que os desenvolvimentos pareçam menos abruptos do que poderiam dar a impressão nas edições anteriores; e, se menos abruptos, mais compreensíveis. Pois esse, é claro, continua a ser o objetivo predominante deste livro. Se ele encontrou amigos entre os amantes e estudiosos da arte, o motivo só pode ter sido o de fazê-los compreender como a história da arte é coerente. Memorizar uma lista de nomes e datas é difícil e cansativo; lembrar uma história exige pouco esforço, depois que compreendemos o papel desempenhado por vários membros do elenco e como as datas apontam para a passagem do tempo entre as gerações e os episódios da narração.
Menciono mais uma vez ao longo do livro que na arte qualquer ganho sob um aspecto pode também acarretar uma perda em outro. Não tenho a menor dúvida de que isso se aplica também a esta nova edição, mas espero sinceramente que os ganhos superem de longe qualquer perda.”

- ERNST H. GOMBRICH. “Prefácio à Décima Sexta Edição” in: A História da Arte. Rio de Janeiro, Livros Técnicos e Científicos Editora, 1999, p. 13.

18 novembro 2004

MOTTO QUOTES


CONSILIA CALIDA ET AUDACIA

Consilia calida et audacia, prima specie laeta, tractatu dura, eventu tristia esse.

"Le decisioni impetuose e audaci in un primo momento riempiono di entusiasmo, ma sono poi difficili da eseguire e disastrose nei risultati."

- Livio, Ab urbe conditia

17 novembro 2004

MOTTO QUOTES


ELIXIR

"Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura."

- João Guimarães Rosa

13 novembro 2004

MOTTO QUOTES


IL DUBBIO E LA CERTEZZA

"Se un uomo parte con delle certezze finirà con dei dubbi; ma se si accontenta di iniziare con qualche dubbio, arriverà alla fine a qualche certezza."

- Francis Bacon

11 setembro 2004

TOWARD METALINGUISTICS I

L’AUTONOMIE DE L’ESTHÉTIQUE EST DIVERS DE L’AUTONOMIE DE L’ART
- Marc Jimenez
« ‘Autonomie de l’esthétique’ n’a pas le même sens qu’`autonomie de l’art’, mais un certain nombre de corrélations existent entre l’une et l’autre. La réflexion spécifique, que nous venons d’évoquer, suppose que l’objet auquel elle s’applique soit lui-même défini de façon précise ; or, le mot art, héritier, dès le XI siècle, de son origine latine ars = activité, habileté, ne désigne, jusqu’au XV siècle, en Occident, qu’un ensemble d’activités liées à la technique, au métier, au savoir-faire, c’est-à-dire `des tâches essentiellement manuelles. L’idée même d’esthétique, au sens moderne, n’apparaît qu’au moment où l’art est reconnu et se reconnaît, à travers son concept, comme activité intellectuelle, irréductible à une quelconque autre tâche purement technicienne.

« Ainsi, l’esthétique, qui inaugure sa phase moderne à partir de 1750, ne s’est pas déclarée autonome du jour au lendemain par la seule grâce du philosophe allemand Baumgarten. Sa fondation en tant que science est le résultat d’un long processus d’émancipation qui, du moins en Occident, concerne l’ensemble de l’activité spirituelle, intellectuelle, philosophique et artistique, notamment depuis la Renaissance.
« L’idée que la création n’est plus seulement d’essence divine mais relève d’une action humaine s’impose après bien des débats théologiques et philosophiques; à l’origine, elle ne concerne pas directement ni immédiatement le domaine de l’art. De même, nombre de conceptions a priori doivent être combattues pour que la relation entre la raison et la sensibilité ne soit pas uniquement perçue comme conflictuelle. Il faut aussi attendre le XVII siècle pour que le beau s’affranchisse des valeurs du bien et du vrai, et la fin du XVIII siècle pour que l’imitation de la nature ne soit plus considérée comme la seule finalité de l’artiste.
« Le mouvement des idées qui s’affirme au XVIII siècle , et qui conduit aux libérations que l’on vient d’évoquer, ne s’est pas donc imposé de lui-même. Il traduit les profondes modifications que subissent, depuis le Moyen Âge, les conditions sociales, économiques et politiques. Ce sont ces transformations qui permettent aux nouvelles conceptions de se concrétiser dans la réalité. Un seule exemple: la reconnaissance sociale de l’artiste, qui abandonne peu à peu son statut d’artisan – parfois avec quelque réticence – doit être mise en corrélation avec l’affranchissement progressif des artistes vis-à-vis des tutelles religieuses, monarchiques et aristocratiques. De l’artisan, lié par le mécénat, assujetti au bon vouloir d’un prince, on est passé à l’artiste humaniste, doté d’un véritable savoir, et non plus seulement d’un savoir-faire, puis à l’artiste que négocie ses oeuvres sur le marché et assure leur promotion auprès du public.
« Il s’agit là d’un schéma simplifié, mais suffisant pour montrer que la déclaration d’autonomie de l’esthétique a été en quelque sorte préparée de longue date. Elle n’intervient qu’au terme d’une lente évolution intellectuelle et matérielle de la société occidentale qui vise à émanciper l’homme à l’égard des tutelles anciennes, théologique, métaphysique, morale, mais aussi sociale et politique. »
- In: QU’EST-CE QUE L’ESTHÉTIQUE?, COl. FOLIO/ESSAIS, ÉDITIONS GALLIMARD, 1997, pp. 32-33.

04 setembro 2004

TOWARD METALINGUISTICS II

L’AUTONOMIE ESTHÉTIQUE COMME PRODUIT DU CAPITALISME BOURGEOIS
- Marc Jimenez
“La conquête de l’autonomie esthétique s’inscrit dans le mouvement plus général de libération vis-à-vis de l’ordre ancien. Cette tendance apparaît, à nos yeux, comme aussi irrésistible que celle qui conduit au capitalisme bourgeois, au libéralisme et à la constitution d’un espace public ouvert à la critique.
"Lorsque nous parlons d’autonomie esthétique, grandement favorisée par l’apparition du terme d’esthétique appliqué à une discipline particulière, nous ne faisons référence, somme toute, qu’`a um moment de cette évolution et donc, également, `a une simple tendance. L’autonomie réelle, pleine et entière, ne s’est jamais réalisée et n’existera sans doute jamais, pás plus aujourd’hui que demain. Si ele était possible – ce que nous ne croyons pas – elle ne serait sans doute pas souhaitable.
"En effet, la simple tendance à l’autonomie comporte un risque majeur : celui de la constituition d’une sphère esthétique totalement séparée de la vie quotidienne. À trop revendiquer son indépendence, l’artisan s’est mué en artiste, placé sur un piédestal, célébré comme génie, doué d’un talent surhumain. Mais voir en lui un être d’exception , à mille lieues des préoccupations du commun des mortels, c’est aussi le considérer comme un être à part. Exclusion bénéfique pour ceux dont l’oeuvre est reconnue et célébrée, mais néfaste pour les artistes qui n’accèdent pas à la notoriété. L’image de l’artiste raté est l’autre face du mythe de l’artiste génial, de celui qu’on peut tantôt encenser ou tantôt vilipender, ou bien simplement ignorer, parce que son statut particulier le coupe de la vie quotidienne.
"Cette ambiguïté est identique à celle qui affecte la sphère esthétique dans son ensemble. Reconnaître l’esthétique comme discipline à part entière atteste bien l’existence d’un domaine particulier, lié à la sensibilité, qui obtient enfim un droit de cité officiel au même titre que les diverses sciences. Comme celles-ci, elle participe au savoir at à l’accroissement des connaissances. Mais, dans le même temps, ce nouveau statut traduit une volonté de ‘scientificiser’ l’univers du sensible, autrement dit une tentative de rationaliser, de théoriser et de conceptualiser un monde d’affects, d’intuition, d’imagination, de passion, rebelle à toute forme de contrôle ou de coercition. Comme s’il importait de canaliser dans l’ordre de la raison des forces qui, sinon, risqueraient de porter préjudice à cet ordre même ! Ambiguïté lá aussi qui survit, depuis, dans la conscience comtemporaine, surtout lorsqu’on évoque la finalité de l’esthétique : à quoi sert-elle ?
"L’autonomie de l’art et l’autonomie de l’esthétique – certes jamais réalisées et toujours en projet - peuvent fort bien, même dans leur état précaire, se retourner contre les intérêts de l’un et de l’autre. Le mot sphère, qui sert parfois à les désigner, est lui-même équivoque : la sphère est délimitation, territoire, mais aussi refuge. Ce refuge les protège de la réalité extérieure, tout en preservant cette même réalité des attaques que les oeuvres pourraient diriger contre elle. Un artiste peut tout faire, une oeuvre peut tout exprimer, même des choses considérées comme subversives et dangereuses pour la société dès lors que leur statut à part leur garantit l’impunité. Isolées du réel, inoffensives, l’ordre social et politique peut les tolérer sans denger pour son équilibre."
- In: QU’EST-CE QUE L’ESTHÉTIQUE?, COl. FOLIO/ESSAIS, ÉDITIONS GALLIMARD, 1997, pp. 92-93.

03 setembro 2004

IS IT SO?

A COMUNIDADE
- Jean-Pierre Vernant
“Os gregos inventaram a cidade, e o paradoxo é que a grandeza desta é, ao mesmo tempo, sua fragilidade. A cidade não é mais dirigida por um soberano único. Uma sociedade hierárquica tomou o lugar de uma sociedade igualitária na qual todos os homens estão a uma distância igual do centro e participam das discussões. Mas o essencial, em uma comunidade, é o sentimento de “philia” – a amizade – que seus membros nutrem uns pelos outros. É esse o cimento humano. Ora, se existe uma assembléia ou um debate, haverá obrigatoriamente dois discursos contraditórios que serão decididos pelo voto. Conseqüentemente, a cidade se divide, e essa divisão significa que a democracia traz em seu bojo, necessariamente, a possibilidade de negar seu fundamento: a amizade entre pessoas que são todas semelhantes e estão em pé de igualdade. Em dado momento, essa homogeneidade gera a divisão e a luta.
"Os gregos nos legaram o sentimento da comunidade. E também o fato de que o essencial na vida do homem não é o trabalho, mas a vida política, o contato com os outros nas assembléias, as discussões nos banquetes. Todo o interesse da vida reside precisamente naquilo que não é utilitário. É uma idéia muito diferente da nossa. O trabalho não é a base do vínculo social. Para os gregos, o fato de cada artesão ser especializado – o fato de que um produza sapatos, outros, fivelas, e, ainda outro, jarros – é a prova de que essa divisão do trabalho não pode constituir o fundamento de uma sociedade, já que o fundamento da sociedade é aquilo que os homens possuem de semelhante.
"Logo, o que deve unir os homens é aquilo que mostra o mito de Protágoras, conforme relatado por Platão [428-348 a. C.], quando Protágoras [485-410 a. C.] explica o que aconteceu no momento da criação das espécies. Prometeu e seu irmão Epimeteu são encarregados de dotar cada espécie animal da forma, das qualidades e das forças que vão caracterizá-la. Eles tomam o cuidado de fazer com que essas qualidades se equilibrem. Se um animal ganha força e tamanho, ele não terá rapidez. Se ele é mais frágil, será dotado de rapidez ou da capacidade de voar, para que possa sobreviver. Depois eles criam os homens, e, no momento de sua criação, não restam mais forças e qualidades suficientes. Logo, o homem surge desarmado. Para que a espécie humana não desapareça em razão de sua fragilidade, o que se faz? Dota-se cada um de saberes técnicos, de modo a compensar por aquilo que lhe falta. Ele é sensível ao frio: as pessoas vão fiar e tecer a lã, produzir tecidos. Ele tem pés frágeis: ganhará sapatos.
"Assim, cada saber técnico é dado ao homem, e é ao trocar seus produtos que estes vão poder constituir uma sociedade. Mas as coisas não funcionam direito – porque cada um se ocupa de seus assuntos. Os homens se digladiam. Zeus fica sabendo disso e, para salvá-los, encarrega Hermes de remediar essa situação catastrófica. É assim que Hermes dota os homens do senso da honra e da justiça. Nesse momento, todos poderão constituir uma cidade, não por possuírem os saberes técnicos, mas porque todos compartilham a mesma idéia daquilo que é honrado e justo.”

- In: CADERNO MAIS, FOLHA DE SÃO PAULO, 8 de Agosto de 2004. Original na revista “Nouvel Observateur”, Tradução de Clara Allain.

26 agosto 2004

MOTTO QUOTES


"Men stumble over the truth from time to time, butmost pick themselves up and hurry off as if nothinghappened."

-SIR WINSTON CHURCHILL

"Your vision will become clear only when you can lookinto your own heart. Who looks outside, dreams, wholooks inside, awakes."

-CARL G. JUNG

"Tomorrow is the most important thing in life. Comesinto us at midnight very clean. It's perfect when itarrives and it puts itself in our hands. It hopeswe've learned something from yesterday."

-JOHN WAYNE

15 agosto 2004

14 agosto 2004

SURTO

"SUNBURST" by John Cavrilis


OBS: A imagem acima foi a melhor forma encontrada por mim para representar a experiência ilusória, porêm arrebatadora, do surto. Segue definição:

sur.to "adj (lat vulg *surctu, de surrectu) Preso ao fundo pela âncora; ancorado, fundeado. sm 1 Vôo arrebatado da ave, quando sobe a grande altura no espaço. 2 Ambição desmedida de quem tem a ansiedade de se engrandecer, de se exaltar. 3 Arranco, arrancada. 4 Impulso. 5 Aparecimento. 6 Irrupção."

- MICHAELIS - Moderno Dicionário da Língua Portuguesa.

sur.to "[s¢urtu] sm 1 soaring. 2 outbreak, eruption. 3 Com boom. 4 impetus, impulse, dash. • adj anchored. um surto epidêmico an outbreak of epidemics."

- MICHAELIS - Moderno Dicionário Português/Inglês.

METAPHYSICS


- Skywalker

ROSEBUD


- Skywalker

A COR DO GATO


- Skywalker

12 agosto 2004

ENTRE OS ANJOS


- Skywalker

MOTTO QUOTES


“It would be a shame if you kept your current effervescence to yourself. You bubble over with a story that must be told. The company of goodfriends, old or new, nourishes your spirit.”

- Unknown

LIMITE


O caos solvente
Dissolve em lágrimas
Escorridas no nodo do rosto
Coagulando-se na boca
Aquilo que antes era
A nódoa:
A dor daquelas doenças
Dormindo dentro da gente
Que levantam-se conosco
Ao despertar neolítico
De um velho poente.

PROSA DA ROSA CAIPIRA


Rosa rosácea,
Roça o riso da terra,
Semeia o senso no mundo,
Ouve o rouco cantar!

Rosa robusta,
Pelo horizonte todo a terra e o céu costurando,
Arrepia o ar e respira,
Recados, troças de caipira,
Caipira louco que gira – Amando!

Mas deita só a rosa:
Toda relva troça!
Ah! Nem espera a hora,
Resta só na prosa,
Poda fora - à moda - Brilhando!

Vai Rosa!
Dá seu ar à bossa,
Rabisca cor-de-rosa
- paixão em polvorosa -
Deita fora a fossa – Cantando!

E, contudo, parece triste a doçura dela:
O risco dessa rosa arrasou meu coração!
Mas se não é o risco,
O que seria então desta canção?

LIFE IN THE CITY


09/11/1999, 04:30 am, Life in the City:

There’s something to find, but I still don’t know what it is. The city is fading away, just before my eyes. Sometimes my eyes get used to a fading movement too, lacking my soul behind. Until here the promise of the day seems impossible to reach.

Still searching but not finding, I seek and touch the shadows of my own reality and start to become slowly a forgetful part of it. Mixed and divided, these pale realities comes and go, just like my own soul, always apart from itself. My thoughts now have so many natures, some of them are still seeking something but some of the others have been hiding those bits of hope that I have found on the way, and there’s still light outside but I can’t see it.
So it is the night inside...


Having just my eyes to see, instead of my soul, I forcefully try to look at the city and its own reality, but, as it should be, there’s just my eyes to be sought, as a kind of reality. They might see themselves, if only they could see what it is saw.

There’s not too much left apart of it. To see is to look at the looking, and to look is letting go. My eyes don’t hold anything, but have been held by what now is called my soul. Reality is just the motion from one held moment to the other, and all the rest is shadows. In the corner of this empty vision there are just the dreams of another pair of eyes seeking. It is another gaze I gave to reality in the past, as if it could say to me that there can be hope yet. And these visions are made of pale approaches to the very nature of shadows.

That’s the city. But there’s no kind of motion in this reality. Everything stands in the silence of the night, where this play takes its place. I dream over it. I play too, like many others, but I’m still keeping myself apart from it.

Those dreams with which I play now, they’re just the lack of her love in my soul, for I was called by her to be into her arms, inside her heart too, but I couldn’t move myself through. And now, that I do see my own seeing, there’s not too much to hold on. It is just my lonely eyes seeking. They know what they wish, forever her into my sight. But still there are those shadows between, with which I make my useless dream.

In these stage, everything is everlasting, always standing but without being. And there are other corners passing through the inward paths of this city too. Reality’s essence, the movement of the soul, now stands without its inner core of love. So now there are no movements in the eyes anymore, it just faded away too. Just my eyes stand, alone in the stage, but totally emptied. And with my soul’s motion, goes reality too. My eyes don’t see anymore. They just stand still, in the middle of its own blind sight. That’s the city I had talked about. It’s a very huge and large city, with the width of my dreams, but just filled with empty eyes and its shadows. In these times, reality becomes the scenery for those shadows, echoes of eyes long ago without their soul.


SECA DE UMA NOITE DE INVERNO

(Finito micro-conto baseado no Tempo)

Escrevi isto num dia sem dia e sem lua nenhuma para ser vista no céu:

- Cadê o vértice?
- Ora, dobrou a esquina neste exato momento.
- E que esquina é esta?
- A da fissura; aquela ali. A que fica no meio do canto.
- Mas aonde está o canto?
- Em toda face.
- De que lado?
- Desta, que rodopia até alcançar a extremidade.
- E rola muito?
- Até o vértice.
- E qual a cor da figura?
- Depende apenas do traçado que ela faz.
- Quando?
- Como?
- Perguntei quando?
- Ah, quando corre para atingir a linha e cai.
- Que linha, a horizontal?
- Não, é a que vem antes mas junto dela. É a linha da cor.
- Poxa, isso não tem som nenhum!
- Mas tem uma linha e uma cor.
- E serve prá costurar?
- Serve! E até dá ponto sem nó. Quer ver?
- Quero!
- . Viu, sem nó nenhum ...
(Pausa)
- E se eu desdobrar ainda mais?
- Talvês você mais achasse ...
- Ei, espera! Mas mais de que?
- De pedaços seus.
- E até aonde posso levar isso?
- Até acabar o que nunca acaba.
- E até quando o quê isso é vai?
-Vai pro meio, talvês você descubra.
- E onde fica isso?
- No canto, e esta é a palavra final
Aqui jaz uma pausa e um ponto e um conto

P.S.: Agora já posso ouvir mais uma vez "Night in Tunisia". Sonho? Talvês seja apenas mais uma fração de tempo...
- Dedicado ao meu Avô, que um dia voltou às Plêiades sem medo.

MOTTO QUOTES


"E a palavra, uma vez lançada, voa irrevogável."

- Horácio

"A palavra dita é como uma abelha: tem mel e ferrão."

- Talmude

SOME BEAUTIFUL LOVE POEMS


1) They Who Are Near Me

By Rabindranath Tagore

They who are near me do not know that you are nearer to me than they are...
Those who speak to me do not know that my heart is full with your spoken words...
Those who crowd in my path do not know that I am walking alone with you...
They who love me do not know that their love brings you to my heart...

*

2) Love’s Philosophy

By Percy Bysshe Shelley

The fountains mingle with the river,
And the river with the ocean;
The winds of heaven mix forever
With a sweet emotion;
Nothing in the world is single;
All things by a law divine
In another’s being mingle –
Why not I with thine?

See, the Montains kiss high heaven,
And the waves clasp one another;
No sister flower could be forgiven
If it disdained its brother;
And the sunlight clasps the earth,
And the moonbeams kiss the sea; -
What are all these kissings worth,
If thou kiss not me?

*

3) I Seem to Have Loved You...

By Rabindranath Tagore

I Seem to have loved you in numberless forms, numberless times,
In life after life, in age after age forever.
My speel-bound heart has made and re-made the necklace of songs
That you take as a gift, wear round your neck in your many forms
In life after life, in age after age forever.

Whenever I hear old chronicles of love, its age-old pain,
Its ancient tale of being apart or together,
As I stare on and on into the past, in the end you emerge
Clad in the light of a pole-star piercing the darkness of time:
You become an image of what is remembered forever.

You and I have floated here on the stream that brings from the fount
At the heart of time love of one for another.
We have played alongside millions of lovers, shared in the same
Shy sweetness of meeting, the same distressful tears of farewell –
Old love, but in shapes that renew and renew forever.

Today it is heaped at your feet, it has found its end in you,
The love of all man’s days both past and forever:
Universal joy, universal sorrow, universal life,
The memories of all loves merging with this one love of ours –
And the songs of every poet past and forever.

ENCONTRO COM O ANJO


- Skywalker

MATÉRIA x ANTI-MATÉRIA


- Skywalker
"PAPOULAS" by Ian Britton

A KIND OF LOVE


- Skywalker

METAMORPHOSIS


- Skywalker

THE GATES OF PASSION


Now I start to realize that you care for me
Likewise you must say that there is something going on...
That everything is a plenty bowl of love
A thousand of brilliant times and a dove
Just for having you whispering on my ears
Each one of those magical words
Who break apart all my fears.

What binds our love in this joyful flow
Is, baby of mine, in these gates of passion
With great compassion and a happiness unknown
For all the incandescence eternity of now
With our body & soul’s heat and some calm
The bright colors of the night
The deep sensation of flight
And all the true & sincerity of our mutual sight...

Blessed with love, grace, and desire
We could embrace each other forever and like
For getting closer, altogether and kind
Because these are our gates of passion...
- The aim of those dreams we ever lived for.

We are intended to be here, not beyond.
In this perfect paradise
All is the reign of our own gates of passion
Baby of mine
The gates of passion
Are tonight.

ANJO


- Skywalker

ORGANIC BALANCE


- Skywalker

A LOVER'S CRY


To experience full love
Is to fly in the backs of a dove
Away, away, away
To the unreckoning sun of the dawn
Where all the pilgrims of the morning call
For their awakening forever and now.
And to be with you is so warmful
That my hearth takes the place of my skull
Always plenty of good reasons and feeling anew
Never mixing water with fire
Nor land with the sky
Because everything has kept its essence
By our lovely bind.
And when we met tonight
You can be sure
- Baby of mine -
It will be our love in his fly.

LÁGRIMAS E SONHOS


Por que tão depressa o chorar e tão lento o amar?
São tantos os mundos teus que admiro perto de mim,
Que a mais tênue possibilidade de realização sem fim
Logo diz que será grande o meu luar...
Mas mesmo tudo tendo,
Ainda falta você que ando querendo,
Sempre a fugitiva de meu olhar...
E então volto mais uma vez ao restante de mim
Pois logo vi que não podia ser assim,
Logo eu, te querer, sem chorar?
Entretanto, sigo toda volta sem deixar-te escapar,
Ainda que em meus braços ocultos apenas ressoe o ar,
Que uma vez tu me deu a respirar...
E arfo de querer te amar,
Como podia eu, sem esse alegre sonho, me acalmar?
Sonhar em querer magoar?
Não! Não faz parte de meu querer,
Simplesmente não posso ver,
Tornar-se meu gostar num destes simples jogos de azar...
E como poderia deixar-te ir,
Sem poder admirar em teu rosto este belo sorrir,
Que encanta e descansa o coração num longo e doce porvir...
Mas claro! Pois soam sim teus belos lábios de guerreira,
Que comovem essa minha doce e inocente cegueira,
Tornando-a mais morna, ilusória e faceira.
Doce é o meu pranto,
Mas mais doce é o meu gostar,
O que seria de mim, portanto,
Sem esses sonhos a cultivar?
Contudo, rouco é meu canto,
E mais louco é meu amar,
Pois o que outrora era tanto,
Nada vale agora sem o poder do olhar.
E sigo depressa teus doces lábios a cantar assim...



O CANTO HÍBRIDO DA PEDRA


Decifra, Oh Musa, a cifra cantada por Hathor,
Mãe sétima de filho único,
Afrodite do Nilo que de Dandarah trouxe,
Imóvel, nua e oblíqua,
Brônzea luz sobre Hélia flor,
Desvelando-a.

Depois da época, agora julga;
Escolhe, do senso solto, o certo:
Modela-o, mantêm-no firme.
Rasga o tempo e o duplo-infinito parte limitado:
Síntese ímpar do olhar!
Atua.
Extrai!
Nega o bloco e afirma o ser da arte.
O que fica, presa interna de si,
Retém na aljava de mármore a seta,
Com cinzel glauco-carmim.
Finca-o no bloco,
Entrelaça o mútuo,
Ultrapassa o outro,
Germina o mesmo e único desejo de ti.

E segue no flanco o impulso incessante de som!

Estilhaça!
Executa!
Permuta a lítica em carne!
Alva e límpida,
Pede a ela que se revele,
Sendo rígido o pulso contínuo de luz.

Súbito,
Projéteis descontínuos,
Despojos do bloco deposto,
Dormem no chão.
Morto o sentido do caco,
Fragmentos inertes
- Peças de um jogo de desmontar -
Tombam frios;
Escapa de suas frestas o calor,
Como a alma pela boca do corpo!

Resta viva,
Suada,
A Obra.

Cessa o golpe:
Já sangra a desmedida.

E sob cromática tez,
Elevada em silêncio ao leito,
Conserva quente o pacto
De mármore e lívida carne
E anuncia o princípio de teu movimento,
Por dentro,
Ao outro,
Autor,
De ti.


11 agosto 2004

CRASH OF COLOURS


- Skywalker

WET PORTRAIT OF FLOWERS


- Skywalker

ICE CREAM CLOUDS


- Skywalker

A SOLIDÃO


Barbárie cruenta e final,
Forma de ser inaudita,
Calada,
Proscrita,
Cabal.
Rastejo do verme que ainda re-pulsa,
Por dentro do cerne,
De minha epiderme,
Cascalho de fel que expulsa,
Pedaço de mim.
Sobra de Hermes,
Caco de laços,
Soluço sem fim.
A palidez do retrato é o preço do verso.
O reverso,
Abandono da dor,
Sensação de pudor,
Recolhimento carmim.
Sem o rosto não há o fato,
Sensato,
Sentimento afim.
Sem o gesto não há o tom,
Pausado,
Ao lado,
Do sim.
Solidão intermitente,
Dentro,
Fora,
Por toda parte.
Quisera eu conquistar-te,
Sonho vão de Descartes,
Arremedo da gravidade,
Será isso o fim?

WORDS AT SORROW


Words, words!
Words to open,
Words to hear,
Words of happiness,
Words on tears -
We have so many words,
Oh Words,
Words to bear!
Words today,
And for tomorrow...
So many words we have,
But none at sorrow.
Since I’ve burned all my tears,
There’s no word to allow,
Nor there’s any other word to follow.
And this is left of all:
The word I have,
And the word I gave,
All of them,
Seems to leave me at morrow.

REDONDO CANTO


Neste canto do meu recanto
Sei que aqui estás
Ainda não te vi.
Por isso planto
Dentro desse canto,
Amor -
Sem ter aqui pudor.
Como neste canto:
Aqui eu
E você aí – pranto.
Pois o canto é
Você e eu,
Ser não estando,
Sendo.
E com coragem
Deste canto me levanto
E vou aí estar...
Pois redondo é meu canto
De tanto te amar...

ODE AO INCONSCIENTE


Despindo o ato
Dos fatos fecundos
Colhidos nos côvados nefastos,
O trêmulo gesto
Dissimula:
O melancólico poente
E a fóssil fobia do desejo.
E as ocultas virtudes
Fitam vícios:
Veladas nos vastos topos viris
Dos traços e recordações trocadas
Os cálices carnais
Dos ventres vorazes
Encenam o beijo.