16 novembro 2005

Beleza

Una bella donna non è colei di cui si lodano le gambe o le braccia, ma quella il cui aspetto complessivo è di tale bellezza da togliere la possibilità di ammirare le singole parti.
- Seneca

A MISSÃO DO INTELECTUAL

- Maquiavel
“De manhã, eu me levanto com o sol (escreve Maquiavel) e sigo para um bosque que mandei derrubar; lá fico por duas horas, revendo o trabalho do dia anterior e ocupando o tempo com meus lenhadores que têm sempre algum problema a ser discutido, seja entre eles, seja com os vizinhos [...] Do bosque vou, a seguir, para uma fonte, e, de lá, para uma das minhas armadilhas para pássaros. Carrego comigo um livro, ora Dante, ora Petrarca, ora um desses poetas menores, como Tibulo, Ovídio ou outros: mergulho na leitura de suas paixões, seus amores, recordo os meus e me deleito por um bom tempo com esses pensamentos. Depois, sigo para o albergue, na estrada, converso com os que passam, peço-lhes notícias de suas terras natais, ouço muitas coisas e observo a variedade de gostos e caracteres humanos. Nesse meio-tempo, chega a hora do almoço, durante o qual partilho com a gente da minha casa a alimentação que a minha pobre herdade e o meu magro patrimônio me permitem. Após o almoço, retorno ao albergue: lá estão habitualmente o estalajadeiro, um lenhador, um moleiro e dois fabricantes de cal. Por todo o resto do dia, fico misturado com a canalha, jogando cartas ou gamão, jogos dos quais nascem mil polêmicas e inúmeras disputas marcadas por injúrias. Na maior parte dos casos, a soma em jogo não ultrapassa um quattrino, mas os nossos gritos podem ser ouvidos até em San Casciano. É assim, envolvido com essas mesquinharias, que desentorpeço o meu cérebro e deixo extravasar a maldade da sorte, aceitando que ela me espezinhe dessa forma para ver se não acabará por envergonhar-se disso.
Quando anoitece, volto para casa e entro no gabinete de trabalho. Na soleira, me despojo dos meus trapos do dia, cobertos de lama e sujeira e visto hábitos dignos de cortes reais e pontificais. Assim, convenientemente trajado, penetro nas cortes antigas e me encontro com os homens da Antiguidade; lá, afetuosamente acolhido por eles, absorvo o único alimento que me convém e para o qual nasci. Lá não sinto nenhuma vergonha de conversar com eles e de interrogá-los sobre as razões de suas ações; e eles, com toda a sua humanidade, me respondem. Então, durante quatro horas, não sinto o menor aborrecimento, esqueço todas as preocupações, não temo a pobreza, e a morte não me assusta: identifico-me inteiramente com eles. E como Dante diz que compreender sem reter não dá origem a conhecimento, pus por escrito o que tirei desses encontros com eles e compus um opúsculo chamado De principatibus (O príncipe), no qual aprofundo, da melhor forma possível, as minhas reflexões sobre esse assunto: discutindo o que é um principado, quantos tipos de principados há, a maneira pela qual são obtidos, a maneira pela qual são conservados e as razões pelas quais são perdidos. E se, porventura, alguma de minhas elucubrações vos tenha agradado, esta não deve vos desagradar. Ela deve igualmente ser bem acolhida por um príncipe, sobretudo por um príncipe novo: é por isso que eu a dedico ao Magnífico Juliano [de Medici].”

O Conto do Harpista para Antef (Egito- 2130a.C)

"Ninguém retorna do lugar de onde se encontram para nos consolar e dizer o que lhes falta, até chegar nossa vez de ir para lá. Portanto, satisfaz o teu coração, esquece que um dia será um espírito luminoso, segue o teu desejo todos os dias de tua vida. [...] Alegra-te mais, não deixes teu coração entristecer, não fujas do prazer. Faz o que queres sobre a terra, não atormente teu coração até chegar para ti o dia das lamentações. [...] Não deixes o dia passar sem festejá-lo. A ninguém é permitido levar consigo seus bens. Jamais regressou nenhum daqueles que se foram."
Obs: Resolvi voltar a postar, depois de uma longa jornada de ausência por estas bandas....