11 agosto 2004
A SOLIDÃO
Barbárie cruenta e final,
Forma de ser inaudita,
Calada,
Proscrita,
Cabal.
Rastejo do verme que ainda re-pulsa,
Por dentro do cerne,
De minha epiderme,
Cascalho de fel que expulsa,
Pedaço de mim.
Sobra de Hermes,
Caco de laços,
Soluço sem fim.
A palidez do retrato é o preço do verso.
O reverso,
Abandono da dor,
Sensação de pudor,
Recolhimento carmim.
Sem o rosto não há o fato,
Sensato,
Sentimento afim.
Sem o gesto não há o tom,
Pausado,
Ao lado,
Do sim.
Solidão intermitente,
Dentro,
Fora,
Por toda parte.
Quisera eu conquistar-te,
Sonho vão de Descartes,
Arremedo da gravidade,
Será isso o fim?
WORDS AT SORROW
Words, words!
Words to open,
Words to hear,
Words of happiness,
Words on tears -
We have so many words,
Oh Words,
Words to bear!
Words today,
And for tomorrow...
So many words we have,
But none at sorrow.
Since I’ve burned all my tears,
There’s no word to allow,
Nor there’s any other word to follow.
And this is left of all:
The word I have,
And the word I gave,
All of them,
Seems to leave me at morrow.
REDONDO CANTO
Neste canto do meu recanto
Sei que aqui estás
Ainda não te vi.
Por isso planto
Dentro desse canto,
Amor -
Sem ter aqui pudor.
Como neste canto:
Aqui eu
E você aí – pranto.
Pois o canto é
Você e eu,
Ser não estando,
Sendo.
E com coragem
Deste canto me levanto
E vou aí estar...
Pois redondo é meu canto
De tanto te amar...
ODE AO INCONSCIENTE
Despindo o ato
Dos fatos fecundos
Colhidos nos côvados nefastos,
O trêmulo gesto
Dissimula:
O melancólico poente
E a fóssil fobia do desejo.
E as ocultas virtudes
Fitam vícios:
Veladas nos vastos topos viris
Dos traços e recordações trocadas
Os cálices carnais
Dos ventres vorazes
Encenam o beijo.
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