12 agosto 2004

SECA DE UMA NOITE DE INVERNO

(Finito micro-conto baseado no Tempo)

Escrevi isto num dia sem dia e sem lua nenhuma para ser vista no céu:

- Cadê o vértice?
- Ora, dobrou a esquina neste exato momento.
- E que esquina é esta?
- A da fissura; aquela ali. A que fica no meio do canto.
- Mas aonde está o canto?
- Em toda face.
- De que lado?
- Desta, que rodopia até alcançar a extremidade.
- E rola muito?
- Até o vértice.
- E qual a cor da figura?
- Depende apenas do traçado que ela faz.
- Quando?
- Como?
- Perguntei quando?
- Ah, quando corre para atingir a linha e cai.
- Que linha, a horizontal?
- Não, é a que vem antes mas junto dela. É a linha da cor.
- Poxa, isso não tem som nenhum!
- Mas tem uma linha e uma cor.
- E serve prá costurar?
- Serve! E até dá ponto sem nó. Quer ver?
- Quero!
- . Viu, sem nó nenhum ...
(Pausa)
- E se eu desdobrar ainda mais?
- Talvês você mais achasse ...
- Ei, espera! Mas mais de que?
- De pedaços seus.
- E até aonde posso levar isso?
- Até acabar o que nunca acaba.
- E até quando o quê isso é vai?
-Vai pro meio, talvês você descubra.
- E onde fica isso?
- No canto, e esta é a palavra final
Aqui jaz uma pausa e um ponto e um conto

P.S.: Agora já posso ouvir mais uma vez "Night in Tunisia". Sonho? Talvês seja apenas mais uma fração de tempo...
- Dedicado ao meu Avô, que um dia voltou às Plêiades sem medo.

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