12 agosto 2004

LÁGRIMAS E SONHOS


Por que tão depressa o chorar e tão lento o amar?
São tantos os mundos teus que admiro perto de mim,
Que a mais tênue possibilidade de realização sem fim
Logo diz que será grande o meu luar...
Mas mesmo tudo tendo,
Ainda falta você que ando querendo,
Sempre a fugitiva de meu olhar...
E então volto mais uma vez ao restante de mim
Pois logo vi que não podia ser assim,
Logo eu, te querer, sem chorar?
Entretanto, sigo toda volta sem deixar-te escapar,
Ainda que em meus braços ocultos apenas ressoe o ar,
Que uma vez tu me deu a respirar...
E arfo de querer te amar,
Como podia eu, sem esse alegre sonho, me acalmar?
Sonhar em querer magoar?
Não! Não faz parte de meu querer,
Simplesmente não posso ver,
Tornar-se meu gostar num destes simples jogos de azar...
E como poderia deixar-te ir,
Sem poder admirar em teu rosto este belo sorrir,
Que encanta e descansa o coração num longo e doce porvir...
Mas claro! Pois soam sim teus belos lábios de guerreira,
Que comovem essa minha doce e inocente cegueira,
Tornando-a mais morna, ilusória e faceira.
Doce é o meu pranto,
Mas mais doce é o meu gostar,
O que seria de mim, portanto,
Sem esses sonhos a cultivar?
Contudo, rouco é meu canto,
E mais louco é meu amar,
Pois o que outrora era tanto,
Nada vale agora sem o poder do olhar.
E sigo depressa teus doces lábios a cantar assim...



Nenhum comentário: