23 fevereiro 2007

Um eterno retorno espiralado na busca por uma identidade mais sólida

Gostaria de entender melhor o mistério de tão poucas coisas me chamarem a atenção ultimamente a ponto de eu dedicar-lhes alguma reflexão, por mínima que seja, que sirva enfim para eu publicar aqui. Normalmente tenho a sensação de estar numa espécie de busca por algo. Acontece que a maior parte do tempo eu passo procurando por coisas: músicas, livros, imagens, enfim, algo que me traga alguma informação útil e relevante. Mas o critério do útil e do relevante ai esconde uma outra procura, mais profunda, que normalmente eu não me dou conta, ou pelo menos pareço evitar muitas vezes de encarar de frente. Como ainda estou buscando, ainda não sei ao certo o que vem a ser isso que eu busco, nesse sentido mais profundo, é claro. Poderia chamar de felicidade, plenitude, realização, se isso não soasse muito pronto e acabado, pois essas coisas a gente não alcança diretamente, mas apenas através de algo mais concreto, mais pessoal, acredito. Agora a pouco estava olhando meu email no yahoo e tinha uma propaganda do lado que mostrava fotos de algumas celebridades, como a Cameron Diaz. Na hora me deu um estalo e pensei: é isso o que estou buscando! Me explico antes que haja mal-entendidos: quando olhei a foto do lindo rosto da Cameron, me veio uma sensação de que ali haveria algo, mas não se tratava da Cameron Diaz, quer dizer, ao olhar a sua foto tive a sensação de que não era algo do nível da matéria que estava buscando, mas algo mais espiritual. É óbvio que falar tudo isso para chegar a uma conclusão dessas pode parecer para muitos muito superficial, e esse é exatamente o ponto. Minha vida está passando por algumas mudanças de perspectiva nos últimos tempos, tendo que encarar a necessidade da sobrevivência material. Eu sempre coloquei os assuntos do espírito em primeiro lugar na minha vida, pois nunca precisei me preocupar de verdade com a minha subsistência. Acontece que agora as dimensões estão se cruzando novamente, ainda mais na iminência do começo do Doutorado. E as coisas que eram tão óbvias antes agora já não são, como se eu tivesse que descobrir o que é realmente importante para mim tudo do começo novamente.
Talvez seja assim mesmo, um eterno retorno espiralado na busca por uma identidade mais sólida: semelhança - diferença - nova semelhança; tese - antítese - síntese; o Eu - o Outro - o novo Eu.
O fato é que depois de olhar a foto da Cameron, percebi que não faço a menor idéia do que seja o espírito, a alma, a subjetividade. Isso depois de ter gastado toda a minha adolescência e juventude pensando nisso...

5 comentários:

Maria disse...

Celo, você quando viu a foto da Cameron ( que é linda e simpática mesmo), pra mim adentrou os portões do zen. Que nem no haikai do Bashô, da rã pulando no tanque. Beijo.

Anônimo disse...

Só você pra ter uma peifania sobre o sentido espiritual da vida olhando pra uma foto da Cameron Diaz...

Maria disse...

Dudu coisinha pititi. Eu tô te esperando, coisinha. Fique bem bonitinho e não apronta mais pra Dudu, sua coisinha pequeninha e enfartenta. Beijo.

Na Prática disse...

Grande Marcelo,

Esse problema, ter se dedicado o tempo todo a buscar algo mais profundo e de repente precisar enfrentar a necessidade de sobrevivência material (especialmente das pessoas que dependem de você, porque a nossa a gente até sacrifica), tem, a crer na minha própria experiência, uma desvantagem e uma vantagem. A desvantagem é que, que eu saiba, não tem solução. A vantagem é que você pode aproveitar pra se livrar de uns contrabandos que por vezes se infiltram na busca espiritual, como um certo orgulho, certos excessos do desejo de poder através do conhecimento(nada contra o desejo de poder, muito pelo contrário).

Enfim, ainda não me livrei do problema, não, mas começo a suspeitar que ele abre algumas possibilidades interessantes.

PS: como assim, tem alguém que não tem epifania vendo a Cameron Diaz? Se não tiver epifania com a Cameron Diaz, vai ter com o que?

Skywalker disse...

Gente, obrigadinho pelos comentários!

Dudu, guenta que eu estou chegando...

Dani, não seria uma epifania se não fosse acontecer onde a gente menos espera, né?

Mestre Celso, só agora relendo o seu comentário que eu me toquei da profunda sabedoria contida nas suas observações. Muitas vezes a gente acha que sabe as coisas mas com o tempo a gente vai vendo que sempre volta aos mesmos problemas, até que eles tenham sido verdadeiramente superados. Gostei muito da forma como você colocou a situação, em termos de vantagens e desvantagens, sem fazer com que a coisa se torne totalmente inocente e inadvertida, sem maiores consequencias e, ao mesmo tempo, sem que seja de outro lado apenas pura desgraça... Suas palavras são para meditar... Obrigado!

Grande abraço para todos,

Marcelo